03/09/2008

Urgentemente


É urgente o amor,
é urgente um barco ao mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios,
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor.
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade

2 comentários:

Sandra Rodrigues disse...

É curioso eu estar a ler este poema aqui. Quando andava no sétimo ano a minha professora de português, para incentivar a leitura, pediu-nos para criar um caderno com uma recolha de citações preferidas. De tempos a tempo ela pedia o caderno pra ler e deixava sempre uma citação. Li pela primeira vez este poema no caderno e adorei , nunca mais esqueci e é um dos meus preferidos !!!

Elvira Carvalho disse...

O poeta tinha razão. É urgente destruir o ódio e construir o amor.
Um abraço e muito obrigada por ter partilhado da minha festa.