23/06/2009

Ainda o Hospital de Peniche


Um pouco de história - "em Março de 1954, deu-se no Hospital de Peniche um acontecimento que, desde logo, foi reputado de extremamente importante. Foi o caso de um habitante de Ferrel, de seu nome Albertino Alves Jorge, ter dado entrada no Hospital por ter sido ferido, gravemente na região peitoral esquerda e, observado pelo Director Clínico de então, o cirurgião-operador dr. Simões Moita e ter verificado que o ferido recebera um golpe bastante profundo, apresentando sinais de o coração poder ter sido atingido. Ora, face à gravidade do ferimento e dada a extensa demora que levaria a transferência do doente para Lisboa, correndo mesmo em tal circunstancia, perigo de morte, foi decidido pelo referido cirurgião, de colaboração com os drs. Pires de Carvalho e João Matos Bilhau, realizar, de urgência, a respectiva operação, e, confirmado o diagnóstico, suturar devidamente o coração atingido.
Vinte dias depois o sr. Albertino regressara ao seu trabalho habitual. O certo é que o acontecimento de tal intervenção no Hospital de Peniche foi considerada tanto mais importante quanto é certo que, ao tempo, apenas no Hospital de S. José em Lisboa, se realizavam cirurgias ao coração e que, à altura, rondava apenas a dezena as intervenções efectuadas no país." (a)
Quando há 23 anos o Hospital foi inaugurado com grandes esperanças da população e orgulho de quem muito fez para que isso acontecesse, estaria longe de imaginar o fim que o mesmo iria ter ao fim de tão pouco tempo.
Quando por acção de muitas vontades e trabalho nomeadamente das diversas comissões de instalação (b), ele foi inaugurado em 1986 (entrou ao serviço a 6 de Maio), dispunha de 100 camas destinadas a Medicina, Cirurgia, Pediatria e Obstetrícia, com os Serviços de Urgência e S.O. com 3 camas, RX, Laboratório, Farmácia, Lavandaria, Cozinha, Bar, Biblioteca, Recepção, Secretaria, Gabinetes da Administração, Gabinetes de Saúde Publica e Gabinetes para Consulta (14) para Planeamento Familiar, Saúde Materna, Saúde Infantil, Enfermagem e Vacinação.(a)
Para ali foram transferidos todos os serviços que funcionavam no edifício do antigo Hospital da Misericórdia, a Maternidade da Casa dos Pescadores, o Posto Clínico da Ex-Caixa de Previdência, os Serviços Locais de Assistência aos Tuberculosos, a Delegação de Saúde.(a)
Em 19 de Janeiro de 1987 por despacho do Ministro da Saúde, após demoradas diligências da Autarquia e do interesse manifestado pelo deputado Reinaldo Gomes, foi criado o Hospital de Peniche, como de nível 1 e colocado em regime de instalação.(a)
Em 6 de Julho de 1990 foi nomeado o Dr António Coelho e Silva
Uma das partes ficou como Centro de Saúde e a outra ficou como Hospital. Finalmente em 1994 por despacho do Ministro da Saúde, o Hospital passou a designar-se Hospital de S. Pedro e Gonçalves Telmo.
Depois de tanta luta e tanto entusiasmo por parte da população custa ver e ainda não percebi porque é que as forças vivas de Peniche, se limitam passivamente a admitir a extinção do Hospital. Sim, com a passagem do mesmo para Serviço de Cuidados Continuados, adeus Hospital.
Com efeito, e segundo reunião pública havida recentemente no Auditório da Câmara Municipal a que eu assisti, lá foi dito que a Cirurgia vai acabar em Peniche, fiquei com dúvidas em relação a Fisioterapia e Medicina Interna, pelo menos não foi dito nada de concreto. Então, em troca de uma Urgência Básica, ficaremos sem nada, apenas algumas camas para doentes de Cuidados Continuados de convalescença, paleativos e reabilitação.
Não vem aqui ao caso saber como vão ficar Alcobaça e Caldas da Rainha no que diz respeito aos seus Hospitais, nem me interessa.
Chamo a atenção das entidades responsáveis da cidade de Peniche para que verifique se foi isto o acordado, esta é uma situação de grande retrocesso para esta terra e este povo.
É conhecida a falta de criticidade e intervenção dos nossos conterrâneos, por isso espera-se que os lideres políticos e de opinião defendam os interesses da terra.
(a) - Bibliografia - Conversando acerca do Hospital de Peniche - Mariano Calado
(b) - Pessoas que integraram as diversas comissões de Instalação do Hospital a partir de 1976
Dr. Jorge Silva, Dr. Domingos Pata, Lucília Silva, Manuel Silva, Luís Leonardo, Jorge Gomes, Carlos Mota, António Fradique, Dr. Belmiro Silva, Dr. Aires Gouveia, Armando Caldas
Comissão Instaladora do Centro de Saúde de Peniche em 1982
Dr. Renato Fortes, Dr. Jorge Silva, Maria Mendonça, Alberto Melo
Em 6 de Julho de 1990 foi nomeado o Dr António Coelho e Silva

3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

A verdade é que ultimamente, é assim. Acabam com serviços essenciais à população e ironia das ironias em nome da melhoria de vida dessas mesmas populações. Dá para entender?
Um abraço

Anónimo disse...

Há pouco tempo tive de acompanhar um familiar às urgências das Caldas e posso dizer que o atendimento foi mau, a espera muito longa (5h), o pessoal antipático.
Se ao hospital de Peniche faltam médicos e determinadas condições, as entidades locais deviam lutar para os conseguir e não deixar que o hospital deixe de o ser.
Esta terra está, pouco a pouco, a perder tudo. Qualquer dia, até o estatuto de cidade!

Anónimo disse...

Ola a todos. Quanto ao mau atendimento nalguns hospitais e centros de saude, nós temos direitos e deveres e como tal temos obrigação de mostrar a nossa indignação com respeito.Quem lá trabalha tem o dever de nos atender como deve ser,para isso é que lhes pagam. Quanto ao hospital de peniche nôs é que temos que lutar não devemos esperar que os outros resolvam tudo. Só unidos é que vencemos.E as entidades locais teem que ter o nosso apoio .Um abraço