14/03/2024

O barco "AVÔ RITA" foi desencalhado ao final da tarde 14MAR24


Depois de várias tentativas saiu finalmente da praia de Supertubos a embarcação "AVÔ RITA" que ali havia encalhado em 02MAR24. Na imagem o rebocador "MONTE da LUZ" trazendo-o de reboque.
 

13/03/2024

#fotografar


 Se quisermos definir o que é o Património Histórico de Portugal, poderemos dizer que é uma riqueza que reflete a identidade, a memória e a cultura do país e será preservado para as gerações futuras, no nosso país o Património é classificado e dirigido pela Direcção-Geral do Património Cultural. Ora esta manhã no meu passeio fotográfico registei novamente o estado deplorável em que se encontra o pano exterior da Muralha norte do Baluarte da Gamboa, alguém está a falhar, porque um dia, pode ser tarde.

08/03/2024

À Conversa com... Maria Gertrudes - uma mulher do povo

Preâmbulo/Declaração de interesses – Esta conversa foi gravada digitalmente em 2018 com a minha mãe, na altura com 90 anos de idade e na posse das suas perfeitas faculdades mentais, nomeadamente a sua memória fascinante. Hoje, a minha mãe ainda está viva, felizmente, agora com 95 anos, e resolvi passar a escrito parte dessa conversa, que incide fundamentalmente sobre as agruras de vida desde a sua infância.

“Chamo-me Maria Gertrudes Vieira (MGV), nasci em Peniche de Cima e vivi no Forte da Luz até que a minha sogra me chamou para viver com ela e o meu marido. Nunca aprendi a ler nem a escrever, que foi sempre um desgosto para mim, mas nunca foi impeditivo de saber fazer contas. Tenho uma história de vida muito difícil, mas sempre duma mulher lutadora.”

Mãe, conte-me um pouco da sua história de vida desde o princípio, aquilo de que se lembra.

MGV – Fui para o Forte da Luz morar tinha 8 anos de idade, lá fui criada com os meus irmãos. Fui mais criada no Quebrado do que em casa, com muita amargura, muita fome que passava, eu e os meus irmãos. Depois, fui crescendo e quando tinha 9 anos chamaram-me para ir servir. A casa para onde fui servir era rica, mas passava muita fome. O que é que eu faço? Volto para casa e digo à minha mãe que já não quero ir servir para aquela casa. Depois, apareceu outra que negociava peixe-seco,  morava nos Quatro Cantos, tínhamos que ir com aquelas caixas muito grandes para o Alto da Vela secar o peixe, púnhamos ao sol, depois à tardinha tínhamos de ir recolher e acartar. Levei uma vida muito amargurada, ainda era uma criança. Depois, com saudades dos meus irmãos, voltei para casa.

Não tinha tempo para brincar?

MGV – Não, nunca tive tempo para brincar, as minhas brincadeiras eram só no Quebrado, mas a minha mãe começava logo a gritar por mim, para ir fazer isto e aquilo e vinha logo corrida.

Mas, entretanto, começou a trabalhar na fábrica do peixe…

MGV – Comecei a trabalhar na fábrica do peixe com 13 anos, mas durou pouco tempo. Tinha uns 13/14 anos, cheguei a casa da minha mãe e disse que queria ir para a fábrica. Fui para a fábrica do Algarve Exportador, ganhava sete tostões à hora, mas aquele dinheiro não rendia nada, passava fome à mesma. Então, disse à minha mãe que queria ir vender peixe com ela, lá me comprou uma canastra mais pequena e fui com ela para a venda do peixe, Íamos naquele rancho de seis ou sete mulheres pela estrada fora, eu era a mais pequenina delas todas, chegávamos a um sítio em que nos separávamos e cada qual ia para o seu lugar de venda nos diversos casais e aldeias. Depois, juntávamos todas no mesmo sítio e lá vínhamos para casa (cheguei a andar a pedir à noite, ia às casas mais ricas e davam sempre qualquer coisa até me chegavam a dar um prato de sopa).

Quando chegava da venda, uma vez tinha o senhor Joaquim Bilhau à minha espera, para ir trabalhar à noite nos armazéns que ele tinha à entrada de Peniche de Cima, com tinas de peixe para escalar e para salgar, para tratar do peixe até às 10 horas da noite, e assim foi continuando, ele era uma pessoa muito bondosa e gostava muito de mim, nesta altura tinha uns 14 anos. De resto, lavava roupas para fora, caiava as casas durante parte do dia, lavava as roupas casas sempre em casa de pessoas com mais posses.

O tempo passou e foi crescendo, até que já ia sozinha para a venda do peixe. A que horas é que ia para a ribeira para o peixe?

MGV – Eu ia logo à uma hora da madrugada à espera dos barcos com peixe, chicharro principalmente. Depois, trazia o latão carregado, lavava o peixe na bica de Peniche de Cima, ia para o Forte da Luz que era onde morava com a minha mãe, pai e irmãos, e pelas três da madrugada ia a caminho de S. Bartolomeu dos Galegos com o latão à cabeça, descalça. Juntávamos um rancho de cinco ou seis e cada uma ia para o seu destino, íamos sempre juntas até um certo sítio, normalmente era o Alto do Veríssimo, numa zona de pinhal. Depois, separávamos, umas para o Toxofal de Cima, Toxofal de Baixo, etc. e, à vinda para cá, juntávamos e vínhamos todas juntas. Se alguma se atrasava, as outras espetavam uma cana na terra para avisar que já tinham partido. Acontecia muito comigo, porque eu vinha de mais longe e ficava muito triste quando chegava e via a cana espetada, então tinha de vir sozinha para Peniche. Cheguei a ter os pés quase em sangue, lavava os pés com vinagre porque estavam tão gastos que a pele era muito fina e quase em sangue. Sempre andei descalça, só calcei sapatos dos 20 anos em diante. Depois, como já tinha dito, dado que a fábrica não dava nada, continuei a vender peixe com o latão à cabeça, a pé, descalça pelas estradas fora, inclusive com o meu filho na barriga até que o tive com 21 anos.

Fui trabalhar a dias quando era preciso, nunca parava, nem me deixavam estar parada, todas queriam que eu fosse trabalhar para elas, ia lavar roupa para os pocinhos, depois ia lá uma rapariga com o meu filho para lhe dar mama, a minha vida foi sempre uma vida de escravidão.

Depois que o tempo passou já ia para a Usseira na camioneta, e quando tínhamos de ir para o Sobral da Lagoa, tínhamos de subir à camioneta para pormos o carrego lá em cima. Subíamos as escadas com o latão e púnhamos o peixe lá em cima, naquele tempo era assim, era a camioneta do José Henriques. Primeiro, comecei de Peniche a pé até S. Bartolomeu dos Galegos e para cá a pé também, depois mais tarde é que foi na carreira das 10h30, já o meu filho era vivo. Fui para a Usseira, depois Sobral da Lagoa, que tinha uma ladeira íngreme a subir com o latão à cabeça cheio de peixe e com uma ceira para a ajuda das despesas. Depois, quando vinha para baixo, ainda trazia roupa para lavar no rio cá em baixo debaixo da ponte, era a roupa do meu filho, porque eu estava em casa da minha sogra e ela coitadinha não podia, até que vinha para Peniche na camioneta das 6h30 da tarde. Foi sempre uma vida muito difícil.

Até que, quando o meu filho estava em idade de ir para a escola, o meu marido me retirou da venda do peixe para eu estar mais em casa a tratar dele, mas depois não podia parar, pois tinha de ganhar algum dinheiro e comecei a fazer rendas de Peniche até às 2 e 3 horas da madrugada, à luz do candeeiro, na casa da minha sogra que era onde eu estava.

Dessas pessoas todas que iam a pé vender o peixe aos casais quais estão vivas neste momento?

MGV – Desse tempo, das que iam vender o peixe a pé para os casais, só quem está viva sou eu e a tia Olívia.

 

Há uma altura em que foi trabalhar para a Unipeixe, com que idade?

MGV – Foi quando a Unipeixe abriu, tinha eu uns 40 anos. Mais tarde, adoeci do coração e reformei-me por doença, mas não me sentia bem parada e fui para o negócio da renda. Vinha uma senhora de Portalegre buscar as rendas que eu ia comprando e nunca houve problemas, até que umas deixaram de trabalhar devido à idade, e já não compensava a senhora vir de Portalegre buscar poucas rendas. Depois deixei tudo, ainda fui fazendo umas rendas para os netos, até a saúde o permitir. Depois já nem à renda podia estar, por causa das dores das costas e arrumei a almofada dos bilros para sempre.

 Tenho 90 anos tive sempre uma vida de trabalho duro e amargurado, mas valeu a pena. Tenho três netos e cinco bisnetos e nunca houve problemas com o meu filho e nora, agora cá estou à espera da “carta de chamada”.



 

07/03/2024

#fotografar

Fotografar, é um acto solitário, em que nos encontramos sós (no meu caso sempre), tendo como companhia a máquina e nós próprios com todos os sentidos apurados, tento trazer o realismo da imagem que vejo para a máquina, depois ao analisarmos, verificamos que grande parte das fotografias não correspondem ao que desejávamos, tentamos noutro dia, e o que realmente queríamos pode ter sido captado, na fotografia que eu faço, a máquina não engana, ou é ou não é, nada depende de outros, registamos o que está ali, na paisagem, na rua, no mercado, é evidente que agora há software que altera tudo, põe pessoas onde não existiam, tira algumas que não devem estar, mete cabeças de uns no corpo de outros, etc. Não tenho nem quero ter conhecimentos para manusear essas aplicações, tal como as televisões do nosso quotidiano nos encharcam com tudo o que querem, para que docilmente as nossas mentes sejam manuseadas a seu belo prazer. Nos intervalos de fotografar para além de outras actividades que tenho de fazer, a minha segunda ocupação são os livros, continuo a comprar livros e a ler em todos os momentos disponíveis, que eu próprio dedico temporalmente à leitura, ler faz bem ao espírito, à mente e é um exercício que nunca deixarei de fazer enquanto física e mentalmente for capaz. Quem lê, mais dificilmente será ludibriado, desde os 10 ou 12 anos que leio frequentemente.

 

04/03/2024

Naufrágio na Praia de Supertubos do "Avô Rita" na madrugada de 02MAR24

Na madrugada de dia 02MAR24 encalhou entre a praia de Supertubos e o Molhe Leste em Peniche, a embarcação "Avô Rita", os seis tripulantes foram resgatados, aquela é uma zona de grande rebentação e esta semana começa a etapa do Campeonato de Surf, precisamente em Supertubos.
 

12/02/2024

#fotografar


Luísa sobe,

sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada."

Do Poema "Calçada de Carriche"
De: António Gedeão

09/02/2024

#fotografar

 

Ao contemplar esta fotografia que nos leva para o abstracto mas tendo por base o real e lógico, um objecto que se reflete na água e dá um aspecto, imagem difusa, enganadora, está lá e não está, as dúvidas instalam-se é ou não é, verdade ou mentira, real ou abstracto. Sim, é assim que por vezes olho para trás e vejo todas as dúvidas que se instalaram em mim ao longo da vida, sempre tive dúvidas e sempre me enganei, ao contrário de outros, agora com o avanço do tempo (uma metáfora, porque o tempo não avança, nós é que avançamos) nunca tantas dúvidas me assaltaram, sobre a verdade e a mentira, o que é a verdade? O que é a mentira? Em última análise podemos considerar que a troca é verdadeira, estas são questões que assaltam os nossos espíritos, meus, a eterna dúvida do que está certo e errado, por exemplo se os noticiários estiverem 20 ou trinta ou 100 dias a dizer uma “mentira” ela torna-se “verdade”, quer nós queiramos ou não, o homem sabe fazer as coisas como lhe convém, e os cérebros normais, mas menos preparados para a análise, consideram naturalmente aquela notícia como verdadeira, é assim, ponto. Mas isso passa-se a todos os níveis, quando éramos jovens todos queriam mudar o mundo, ainda hoje os jovens querem mudar o mundo e assim deve ser, mas falo do meu tempo de jovem, coisas que considerávamos definitivas, verdades absolutas, mais tarde verifiquei tratar-se de um logro, ou seja, não há verdades nem mentiras definitivas e absolutas, trata-se de cada um (voltando à fotografia) verificar ou tentar decifrar, o que é que aquilo é, o que representa.

03/02/2024

SILVERLAND (NL)


 

#fotografar

 

Esta era a fotografia que iria publicar no dia 11 de Janeiro, havia sido tirada no fim do dia de 10, mas por um pequeno problema, não coloquei, hoje passado mais de três semanas, aqui coloco uma das que tirei naquele fim de tarde, ainda vai a tempo.