Declaro desde já que, como
democrata, aceito o resultado destas eleições, pois no fundo são a confirmação
das anteriores de 2024. Só quem não sabe interpretar os sinais ficará admirado
com isto.
Passados 51 anos do derrube da ditadura
de Salazar e Caetano, que durou 42 anos, verificamos que este Estado e os seus
apaniguados suplantaram, finalmente, aquilo que um punhado de militares
despojados de desejos de poder, depois de derrubar a ditadura, entregou ao
povo.
Muitos destes homens já partiram,
muitos civis revolucionários que tombaram ou estiveram anos nos calabouços. Dos
que partiram não saberemos, mas calculamos o que pensariam disto. Dos que estão
vivos, o que dirão?
Mas isto não é surpresa. Quando,
há um ano, os resultados foram o que foram, houve quem pensasse que seria
passageiro. No entanto, eis-nos numa situação ainda mais grave.
1 – Os resultados são o que são e
temos de aceitá-los.
2 – Não vale a pena ser-se
condescendente nem paternalista como tenho lido e ouvido, e que “coitados
votaram, mas não sabiam em quê”. Não, desculpem, as pessoas que votaram sabiam
o que estavam a fazer.
3 – Os partidos ditos “tradicionais”
têm de analisar profundamente estes resultados eleitorais, nomeadamente,
aqueles que tiveram pesadas derrotas. Se analisarem sociologicamente as
votações, verão que os eleitores que votaram desta maneira são dos mais
carenciados, vivendo muitos deles de subsídios, pensões e ordenados mínimos.
4 – Se houver novas eleições
intercalares por queda deste Governo, os resultados ainda vão assustar mais
(presumo).
5 – Portanto, cada
partido com assento parlamentar deve analisar muito bem o que vai fazer daqui
para a frente, nomeadamente no que diz respeito à repetição de fórmulas já
gastas e que não se adequam a estes tempos novos. Trata-se de um fenómeno que
varre grande parte da Europa e outras partes do mundo, como as Américas.
6 – Por último, e como corolário
das consequências da votação de 18 de Maio, neste momento já a AD+Chega+IL
podem fazer a revisão da Constituição da Republica à sua maneira, ou seja, sem
sequer o PS evitar que seja adulterada e extirpada do que “não interessa”.
Posto isto, resta-nos aceitar os
resultados das eleições, exercer a nossa cidadania sempre, contribuir para a
informação e para o diálogo franco e estabelecer pontes, zelar para que os
valores da Liberdade e da Democracia sejam mantidos, e conseguir
compreender como se chegou à situação actual.
21/05/2025
FGV
P.S. – Sou como não podia deixar de ser respeitador da Lei
da Greve, um direito Constitucional, mas pergunto, a quem serviram as greves
nomeadamente da CP que afectaram dezenas de milhar de pessoas que se levantam
de madrugada para ir trabalhar, precisamente na véspera das eleições. Fica para
reflexão.