Certo dia li uma frase que me marcou para sempre: a solidão é necessária para a vida social como o silêncio para a linguagem. Na verdade acho que temos um conceito muito errado do que é a solidão. Pensamos que ela é algo de terrível e não nos poupamos a esforços para a combater. Lançamo-nos em toda a espécie de actividades e de barulho para evitar o desespero de ficar só. Um enorme disparate! A solidão é importantíssima, mas a solidão verdadeira. Quando não há uma solidão verdadeira que enriqueça a vida interior das pessoas, estas procuram uma falsa solidão destruidora. A verdadeira solidão encontra-se na humildade, a falsa no orgulho. A verdadeira solidão é uma introspecção, uma separação para nos conhecermos melhor e identificar o nosso papel com os outros. Ela não precisa de um “eu” para enaltecer ou reivindicar. A falsa solidão, como nada procura ou encontra no seu centro, tenta arrastar tudo para si. Ela é por isso egocêntrica; exige em vez de dar. A verdadeira solidão limpa e abre a alma ao mundo. A falsa fecha-a. No fundo ambas procuram distinguir o indivíduo da multidão, mas apenas a primeira consegue.
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