08/03/2010

O descanso das guerreiras

Domingo à tarde, no cantinho da Cida ali em Peniche de Cima, lá estão vendo quem passa e pondo a conversa em dia, lá está a minha mãe, Maria Gertrudes, a Ti Alzira, a Lurdes, a Cida e a Maria do pocinho.
Depois de uma vida de trabalho árduo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um grande Viva para a minha avó Gertrudes!!

Albino disse...

Que bom ver a tua mae Chico que deve ter muitas estorias para contar no que realmente se passava antigamente em Peniche de Cima e entre nos....na proxima vinda a Portugal gostava de estar um tempo a conversar com ela...se juntarmos os anos destas grandes senhoras deve ser uns 400 anos...um grande abraco para elas

Manuel Leonardo disse...

Contos restritivos

Hoje ao ler e ver fotografias num dos nossos blogs de Peniche cai na tentaçãoo de em jeito de comentário reviver visões da minha mente Alzeimatica - sim eu tambem ajudo a fazer o dicionario Português - doenca que não é moderna mas que infelizmente está muito em voga em todo o Mundo e que tão bem tem sido descrita pelos dignos drs que beneficamente percorrem os Blogs, comentários , principalmente da minha Terra Peniche e que sem eu pagar tostão tenho sido diagnosticado em todos os males que assolam o meu corpo o que sempre agradecerei .
Mas só para vosso conhecimento vos digo que desde cedo com os meus dezassete anos embora doente mental como possivelmente já era , obtinha grandes beneficios
moralizantes pois quando havia alguma partidela na rede dos barcos que andei , era sempre escolhido para acertar as pontas - bicos - da rede que bastante partidas e comidas pelas rochas do fundo se conseguia trazer para a terra. E diziam -me que era um promissor artista na arte de atar redes , esclareço que apesar de bem aliciado com contratos chorudos para a época nunca nenhum armador de Peniche me conseguiu convencer a seguir tão sublime arte.

Manuel Leonardo disse...

Como tudo que aprendi na vida me tem servido para proveito próprio e do meu semelhantes ao ler aqueles comentários e fotografia , apesar da minha fragilidade fisica movi -me para o velho sitio da Prageira aonde está a rede toda partida e comecei a juntar as pontas da rede ,agora tambem já com os chailes daquelas " Senhoras atadoras " que esperavam que eu finalizasse o principio ,do seu esperado trabalho .
Num trabalho desta natureza é sempre para mim dificil escolher a parte partida da rede em que devo meter a agulha mas com poucas indecisões comecei a tarefa que afinal já estava deliniada por onde hoje iria começar...


Há uns tempos que eu pensava que iria desatar a malha que me deixava intrigado pois não há malha sem nó e assim apesar de tantos anonimos escritos com as suas historias manuseadas com alguma clareza outros nem tanto assim ,eu ficava com a impressão de que muitos me conheciam mas que eu nao conseguia enchergar as suas faces. Outros haviam que escrevendo o seu nome eu não conseguia aproximar-me da pessoa real que esse nome quer dizer .
Hoje enquanto tentava juntar as pontas da rede para essas Senhoras poderem começar a ganhar o seu dia ,mentalmente seguia o percursso de cada personagem que fervilhava na minha mente doentia e assim...
lembrei-me de uma Senhora que a conheco desde sempre que regressei a Peniche e que quando ia já feito homem a casa do meu patrão e Amigo Joaquim Leitão quase sempre a encontrava cantarolando agarrada ao tanque da roupa que despachava todo aquele amontoado enquanto o diabo esfregava um olho .
Ou quando fazia a alegria dos filhos da casa e Senhora Dona Cecilia que para ela trabalhava -que se dizia que a tratava como filha - contando historias de chorar a rir a quem a ouvia . Casou e teve um menino que eu sempre conheci e fazendo -se Homem frequentou a então Escola Industrial e Comercial de Peniche na qual se estou bem certo teve bolsa de estudo e teve como Continua , empregada da Escola a minha Mulher Genoveva que ainda hoje se lembra das diabrices que eles faziam uns aos outros e que como muitos outros teve de seguir o caminho da imigração no nosso país .
Quando em Peniche infelizmente não havia peixe derivado a' escassês ou temporal no mar as pessoas comiam fiado e levavam muitos meses sem poderem pagar. A usura fazia com que as pessoas que davam fiado ficassem com as fracas posses de quem devia e um Senhor . de alcunha Belchior ficou desse modo sem a pequenina embarcação tomada em troca da sua divida o que segundo diziam levou á sua morte e a mais miséria para a essa já infortunada Familia .
Esse Senhor Belchior era pertencente á famila por mim aqui descrita - tio -. e para vosso conhecimento quem penhorou o seu barquinho não era de Peniche mas sim do Concelho da Lourinhã.
Para que a memória não apague

Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada
Escrito em quarenta e cinco minutos
no dia 10 de Março de 2010