06/03/2010

A rampa de descarga na Ribeira - Peniche - anos 50-60


Nos dias de muito peixe era tamanha a azáfama que as lanchas e as “chatas” carregadas de sardinha ou chicharro, abicavam e era ver aquele que mais depressa se chegava à frente para descarregar na rampa, os mais lestos conseguiam furar. Já na rampa era carregar os três cabazes com a vara às costas e os dois homens cansados, depois de uma noite de trabalho, acarretavam o peixe até à loja do comprador.
Muitas vezes quando havia aquelas “arrasas” de chicharro com barcos aos mil cabazes, a minha mãe mandava-me ir levar o almoço ao meu pai, porque já não vinha a casa, depois de descarregar o barco era comer qualquer coisa e deitar no beliche porque as ordens estavam dadas.
Repetia-se então mais um duro dia não de oito ou dez horas, mas por vezes de vinte horas.
Era assim no tempo desta rampa da Ribeira.

Foto - Obtida na net

7 comentários:

Unknown disse...

mais uma foto dum local onde todas as nossas raizes exerciam a sua sempre dura actividade.....mas a este local falta-lhe a essencia do não ser em peniche de cima, ainda vou ser acusado de dividir, mas é o que eu sinto...............

um abraço a todos.....

joão manuel viola

Albino disse...

Uma vida dura que passavam estes grandes pescadores....os de Peniche de Cima depois de um dis de trabalho iam a pe penso eu muitos deles ate a casa....o luxo de ter um carro so vei mais tarde..
BEM HAJAM A TODOS ELES
Abraco

Luis Santana disse...

Sem duvida Albino, foi durissima a labuta dos nossos pais, assim como a de todos homens do mar, nesse tempo em que tudo era feito manualmente. Trabalhava-se muito e ganhava-se uma tuta e meia. A minha sincera homenagem a todos os pescadores de Peniche. Um abraco

Raul Correia disse...

Olá pessoal!
Os pescadores nesta época e aproximadamente até aos anos 80, trabalhavam de sol a sol e em condições que todos voçês sabem. Segundo o meu pai me dizia, antes de serem pescadores e irem para o mar tinham que aprender a atar as redes, fazer costuras nas geretas e outras coisas mais. Dormiam em cabanas
cheias de pulgas e tinham que saber conviver com elas.Mas todas as dificuldades dessa vida levava a que as pessoas fossem mais humildes , se ajudassem umas ás outras e fossem praticamente uma familia só. Foi assim que eu cresci no Algarve Exportador, onde aprendi a respeitar os mais velhos, onde para mim éramos todos uma só familia. Talvez seja por essas situações passadas, que não existindo hoje, nós todos temos este saudosismo desses tempos.

Este sítio do Chico é fantástico para a malta, não posso deixar cair em esquecimento e agradecer ao Chico, que foi através deste sítio que eu voltei a ter o prazer de ver o Luís Santana, amigo que eu já não via há mais de vinte anos.

Anónimo disse...

Por acaso sendo eu de Peniche de cima, acho que o local da descarga do peixe, devia e deve ser onde é. O sítio escolhido tem "um mar melhor". Imagina, João, o que seria descarregar o peixe em Peniche de cima com grandes nortadas? Como as de antigamente?
Um abraço para odo o pessoal que vai consultando este sítio e lembrando tempos idos
Jorge Saldanha

Unknown disse...

jorge eu não digo que o local da descarga foi mal escolhido, o que eu digo é que aquela zona era o local onde começava e acabava a actividade muito dura das nossas raizes, porque se não fosse isso dizia-me muito pouco.........mas volto a dizer que isto é aquilo que eu sinto..........

um abraço .......

joao m viola

jacinto borges disse...

Há uma coisa que voçês ainda não falaram acerca de Peniche de Cima.O meu pai dizia-me muita vez que quando ele era novo se falava em Peniche com uma pronúncia penicheira que era única e que essa só se falava assim em Peniche de Cima, que aí se falava o genuíno Penicheiro e que essa pronúncia vinha de raízes muito antigas, que se foi perdendo com o aparecimento de gentes doutras terras que vieram para Peniche e assim essa pronúncia sofreu alteração.Gostava que o Francisco ou algum dos outros amigos se souberam algo acerca disto se pronunciem.Se assim era é mais um motivo de orgulho para Penixima.
Um abraço Jacinto