12/05/2010

Evolução – Do peixe acarretado às costas para os “carrinhos”

 Durante muitos anos o peixe que era descarregado no porto de Peniche era transportado às costas por dois homens através de uma vara e que comportava 3 cabazes, primeiro de verga depois de plástico, cada cabaz comportava aproximadamente 22 a 25 Kg de peixe. No tempo do meu pai quando ia à Ribeira, era ver os homens já estafados a transportar aos ombros o peixe para as lojas dos compradores.
Passou toda a época de 40, 50, 60 e alguma de 70 até que… um marítimo de que não sei o nome (soube pelo amigo Luís que andava no “Chico da Relíquia”) e que sofria de problema de saúde “inventou” para se poupar a si próprio o carrinho que se mostra abaixo, de princípio existiu alguma “chacota” mas depressa foi adoptado, passando o peixe a ser transportado nessas maravilhosas “máquinas” reduzindo em muito o esforço dos pescadores.
Este texto serve também de homenagem a esse homem que fez poupar esforço aos pescadores.
Tal como a invenção da roda em que se diz “ como é possível demorar tanto a descobrir uma coisa tão simples” também este maravilhoso carrinho veio dar um grande impulso à época no transporte do peixe, estávamos no inicio da década de 70 do século XX.
Foto 1 - Primitiva forma de acarretar os cabazes às costas através de uma vara.


Foto 2 - Carrinho usado a partir do inicio dos anos 70 para transporte dos 3 cabazes.

Actualização 13-5-10 - Por informação do Idalino desde o Canadá, informa que o nome do pescador era Chico Libano, infelizmente já desaparecido, no entanto aqui fica a minha homenagem.

Actual. 01-10-12 -Por esclarecimento do seu neto o nome correcto era Francisco Oliveira Libânio.

11 comentários:

Luis Santana disse...

Chico, na verdade a informacao foi dada pelo Humberto Silva, que na altura andava ao mar, no Bairrista, se nao estou em erro. Um abraco

Farelhão disse...

"Acarretar"? Essa é mesmo de Penichima!!!(LOL) Ou de Setúbal. Em Peniche diz-se ACARTAR.
E lembram-se do calo que os pescadores tinham no pescoço por causa do peso da vara com os cabazes?
E a gente apanhava os charros que caíam e íamos vendê-los aos palecos (cada par um cruzado)para comprarmos rebuçados com os bonecos da bola.Lembram-se do Arturo do Barreirense que jogou depois no Peniche? Esse argentino chegou a ser o jogador da bola (o que faltava sempre e só era vendido a quem "arrebentava" a lata).
Era a cadonga sem maldade. Era a liberdade de ser miúdo de Peniche.
Tempos distantes, mas tempos que nunca poderei esquecer...

jacinto borges disse...

Eu não sabia que os carrinhos apareceram por um problema de saúde dum pescador, nem me passava essa pela cabeça, o que a gente aprende no blogue do Francisco, por isso gostamos dele.Do acarretar ou acartar como diz o Nuno Paulo também me lembro bem, vida dura a desses tempos dos nossos pescadores,e os miúdos correrem a tentar deitar a mão ao charros dos cabazes para cairem 2 ou três e outros apanharem? Só que eu nunca me meti nisso tinha medo, porque os pescadores eram lestos a largar os cabazes e correr e de vez em quando era cada biqueiro num traseiro que até fervia.
Mais uma vez o Francisco a trazer-nos à memória os nossos tempos de meninos,gostei.
Abraço j.borges

Anónimo disse...

BOA NOITE CHICO E NA VERDADE QUE O PESCADOR QUE ENVENTOU O PRIMEIRO CARRO QUE ANDAVA NA RELIQUIA O NOME DELE ERA ((CHICO LIBANO))JA FALECIDO IDALINO

Farelhão disse...

Durante muitos anos, a Ribeira foi o supermercado dos pobres. Quando havia peixe, não havia fome em Peniche nem nos arredores (lembram-se das "caravanas" de burros com ferralejos que "estacionavam" no Campo da Torre?).
Quando não havia peixe, havia uma grande solidariedade entre as pessoas na partilha do pouco que tinham.
A Ribeira era então o grande centro comercial com abertura de manhã cedo e encerramento ao fim da tarde, quando acabava a lota do peixe grosso.
Já pensaram no que sentiriam os turistas que visitam a nossa terra se pudessem assistir às descargas do peixe? Tenho a certeza que viriam mais vezes.
Noutros países tenho observado o aproveitamento turístico que as terras fazem das suas actividades industriais. O turismo é, cada vez mais, cultura. Visitar uma terra diferente é conhecer os seus hábitos e a sua história. Em Peniche, a pesca e actividades ligadas à pesca, por um lado, e o turismo, pelo outro, deveriam "entender-se" para benefício de todos.

Aniceto disse...

Pois é meus amigos!!!
Voltamos a mais um tema com muita saudade. Referente aos carrinhos para transporte do peixe, foi uma optima ideia e um alívio para as costas dos pescadores, no entanto mais tarde apareceram umas "aberrações" barulhentas, poluidoras e que de vez em quando atropelavam as pessoas que andavam a admirar todo o trabalho da descarga do peixe, cujos condutores andavam em alta velocidade parecendo os carrinhos de choque.
Voltando atrás, uma das imagens retidas na minha memória era a distribuição do famoso"quinhão" que era feito ali no chão faziam um círculo e começavam a fazer montinhos de peixe e perto estavam os compradores e os filhos e mulheres dos pescadores para levarem o peixe à venda na candonga. Uma coisa tambêm interessante era se houvesse uma rusga a todas as pessoas que ali se encontravam todas tinham um saco de plástico no bolso, porque já sabiam que não iam para casa sem levar peixe.
Naquele tempo era tudo ao vivo e falava-se muito nas terras limítrofes que não havia terra que tivesse tanto movimento nocturno como Peniche. Como Penicheiro posso dizer-vos que só entrei uma vez na lota actual.
Abraço.
Luis Aniceto

Anónimo disse...

A minha singela homenagem ao homem criador do carrinho. E a todos os homens que nessa árdua tarefa dele se serviram.
maria

Manuel Leonardo disse...

Para complemento da Verdade Historica
No Ano de 1960 era Comandante da Capitania de Peniche o entao Capitao Tenente Silvano Ribeiro .Depois de eu lamentar o modo de acartar o pescado as costas pelos pescadores de Peniche ,esse problema chamou a atencao desse Dignissimo Oficial que passado pouco tempo me mandou chamar a Capitania e me apresentou um desenho de um carro para o transporte do pescado no Porto de Pesca de Peniche .Ainda me recordo bem que a sua configuracao era parecidissima com o carro que transporta o peixe actualmente em Peniche tinha tres parteleiras as quais levavam 12 cabazes cada uma , como me parece que essas agora levam no total 36 cabazes foram mandados construir para experiencia 3 armacoes na oficina do Sr. Gomes e pagos pela Casa dos Pescadores de Peniche.
Estes carros foram equipados com quatro rodas de "ferro "pequenas em demasia para o fim que foram desenhadas .
Enchia-se a armacao de cabazes de peixe e nas suas extremidades tinha uma corda em que 4 homens puxavam e nos seus lados e trazeira outros mais tentavam com a sua forca fazerem andar tao pesada estrutura . Ainda se acartaram milhares de cabazes daquela maneira mas como nao dava resultados praticos foram postos de parte ate' que se conseguisse montar rodas pneumaticas . Entretanto pelos motivos de tentarmos fazer novo contrato colectivo para os Pescadores de Peniche a ideia ficou parada, posta de parte, e depois no final dessa luta em que O comandante Silvano Ribeiro foi expulso do seu Posto de Comando em Peniche , e os Pescadores intervenientes nessa primeira Greve dos Pescadores de Peniche presos e despedidos outros das suas respectivas traineiras, eu fui um deles ,nunca mais ninguem teve voz nem pensou nos carros para descarregar o pescado em Peniche .
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada
13-5=10 Pinturas em Peniche
P. S.
Farilhao ; a geito de esclarecimento nao era no pescoco que o calo de tantos milhares de cabazes de pescado que passavam pelas costas aparecia mas sim na curva entre o pescoco e o ombro na ligacao da omoplata .
Ainda se pode verificar em mim um pequeno calo que nunca desapareceu por completo !

Albino disse...

Eu tambem quando miudo fiz parte da grande familia de cadougueiros..e ate 1965 assisti a tudo o que foi dito nos comentarios anteriores e o tal saco de plastico nunca nos esqueciamos...Eu sabia que pelo menos um barco a traineira FE onde o meu avo Jose do Carmo era o velho terra e me piscava o olho e la ia eu preparado com o saco....sempre dava para uns rebucados,umas gasosas e mais...
Abraco

Zé Pedrosa disse...

Quando passava tempo no armazem do meu avô (Joaquim Vitorino) cheguei a dar umas chapas (moedas furadas ao meio) pelos cabazes entregues. Acho que isto é que eram os carretos (daí o acarretar ou vice versa).

Anónimo disse...

Aos Amigos e assidios deste Blogue do também nosso Amigo CHICO G. uma boa tarde para todos.Li vários comentários sobre a descarga do peixe no tempo em que a descarga era feita com os cabazes na vara.E também é verdade que os rapazes que iam para o MAR a maioria primeiro aprediam a atar as redes durante o dia há noite dormiam na tal dita CABANA .Pois eu fui um desses rapazes que aos 11 ANOS começei a trabalhar assim como muitos outros.Dormiamos na CABANA para ganharmos um cestinho de peixe que era o nosso ganho e não era sempre porque por vezes trabalhávamos e não ganhávamos nada depois aos 14-15 ANOS iamos para a TRINEIRA andar ao MAR .Naquela época havia muito chicharro como muitos de vós se lembram pois pelos meus ombros passaram umas boas centenas de cabazes de chicharro para não dizer milhares porque na TRAINEIRA em que eu andava esse dedicava-se mais há pesca do chicharro.É como diz um amigo num comentário mais atrás até ganhava calo parecia um ovo . Transportavamos os cabazes de peixe com a vara para várias distãnçias desde a rampa até aonde está implantado o restaurante o CAT KERO e mesmo um pouco mais acima outras vezes dava-se a volta ao CAMPO da TORRE ou da REPUBLICA como queiram e descarregávamos o peixe aonde é a IGREJA deSANTO ANTÓNIO que era um armazém de peixe .Outras vezes subiamos umas escadas de pedra entre o café GUERRILHAS e um NOVO BAR que tem o nome de JAVA depois tinhamos que subir ainda as outras da igreja de santo antónio . Eram essas escadas que davam cabo dos pescadores até dos mais jovens .Estes transportes eram feitos várias vezes até o barco ficar vazio .Um abraço para todos .