12/12/2011

Um penicheiro no Gil Eanes

Do Ramiro Viegas recebi esta crónica “Á volta do Globo”, onde sumariamente conta a história do Sr. Renato Pedrosa das Neves, natural de Peniche e tripulante do antigo “Gil Eanes”.
 
O navio hospital (?)“GIL EANES” era dado a conhecer, aos portugueses e ao mundo, de uma importância fundamental no apoio aos pescadores portugueses que operavam na pesca do bacalhau nos mares da Gronelândia. A tripulação do Gil Eanes, composta por diversos marinheiros e especialistas oriundos de diversas terras de Portugal, na sua tripulação encontrava-se um natural de Peniche, aliás, o único Penichense, de seu nome Renato Pedrosa das Neves.

Quem é então este único Penichense que foi tripulante no Gil Eanes, no apoio às diversas campanhas da pesca do bacalhau?. Nasceu em Peniche na Rua do Galhalház, no dia 25 de Dezembro de 1931, filho de Teresa Pedrosa da Felicidade e de Salvador das Neves. Exerceu durante largos anos, a actividade de Carpinteiro Naval nos estaleiros do Senhor Manuel Malheiros, fez parte da Banda de Música de Peniche, simultaneamente, na hora dos aflitos, era também Bombeiro Voluntário, da Corporação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Peniche, onde o seu pai, Salvador das Neves, era o único profissional que esta Instituição tinha, 24 horas ao dia, aliás Instituição tão esquecida de uma grande maioria dos penichenses que só se lembram desta quando, como o povo diz “Cai o Carmo e a Trindade”, foi ainda atleta do G.D.P. nos anos de 1952/53.
Na procura de melhores recursos financeiros, este nosso conterrâneo na continuação da sua tarefa numa relação com o mar, foi para os mares antes navegados pelos portugueses à procura de novos mundos tendo, embarcado nos navios: Gil Eanes, Leixões, Moçâmedes, Rio Zambeze, Rio Cuanza, Rio Zaire, Bailundo, Muxima, Malange, Roçadas, Bernardino Correia, H. Capelo e Congo.
Durante a sua permanência em alto mar no Gil Eanes, pois, a campanha da pesca do bacalhau era prolongada, este nosso conterrâneo ocupava o seu tempo disponível na construção de embarcações antigas bem como, alguns pontos de referência da sua terra, como forma de manter-se todos os dias ligado às suas raízes.
Uma destas construções foi, a “NAU S. GABRIEL” comandada por “Vasco da Gama”, quando em 1498 iniciou a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Esta “NAU” construída em mogno, até ao registo do aparecimento de outra, é a única réplica existente no Mundo, construída à escala da original, retirada da planta publicada pela “Typographia da Academia Real das Sciencias em 1892”
Na foto, temos a nau S. Gabriel a navegar no atlântico tendo, como fundo a Ilha das Berlengas e, com este trabalho do artista, alusivo à mesma vai também uma quadra:
A estória dos descobrimentos
Foi tudo, uma lenga lenga
O Gama trazido pelos ventos
Veio almoçar às Berlengas
     

 
De registar que, um dos administradores da empresa “IDAL” a funcionar em Peniche, natural dos E.U.A., ao ter tido a oportunidade de ver esta réplica,pediu a este nosso conterrâneo se construía três réplicas em mogno desta Nau mas, com dimensões maiores que o exemplar. Pondo mãos à obra, este construiu as três réplicas com o comprimento de 90 centímetros, mantendo-se a proporcionalidade à escala dos restantes elementos da nau nomeadamente “Comprimento entre perpendiculares, a Boca (Largura máxima) Pontal a Meio.

Assim, foi teimosamente nos mares descobertos pelos portugueses, dignificando a sua Nacionalidade, Profissão e a sua terra Natal PENICHE.
Sabendo que, este nosso conterrâneo tem muito mais espólio artístico quer, na construção quer em versos e prosa que devia ser dado a conhecer assim, os meios de comunicação entendam ser seu dever, resta-me endereçar-lhe um bem haja e obrigado pela sua “PARTILHA”.
Ramiro Viegas
Texto e fotografias enviadas pelo Ramiro Viegas

1 comentário:

Luis Santana disse...

Se me for permitido gostaria de dar as boas vindas ao amigo Viegas como comentador neste blog e ao mesmo tempo enviar-lhe um grande abraco com votos de um Natal Feliz e Prospero Ano Novo, assim como a todos os familiares. Votos esses extensivos a todos os amigos que normalmente passam por aqui. Um abraco