20/04/2012

O ajuste de contas

Faz anos o 25 de Abril, já foi há 38 anos, muito se fez de então para cá, a liberdade de opinião, a liberdade de voto, a melhoria salarial, a nova realidade autárquica, o poder local, etc.
Foram-se cometendo erros, mas quem não os comete?
Passados estes anos o poder, todo o poder, o económico e financeiro, o politico, desmontam, peça a peça, todo o edifício que então foi sendo construído ao longo dos anos, em prol do povo deste país, da escola à saúde, fecham-se escolas no interior, tribunais, hospitais, urgências hospitalares, desregulamenta-se a organização do trabalho, retiram-se subsídios de férias e natal, baixam-se os ordenados, aumentam-se os impostos, colocam-se preços proibitivos no acesso à saúde (que devia, segundo a Constituição da República, ser tendencialmente gratuita) ameaça-se diariamente com a falta de financiamento do Serviço Nacional de Saúde para assim justificar as medidas tomadas, desrespeitam-se os trabalhadores, fala-se com arrogância da inevitabilidade das medidas, despede-se mais barato (querem passar de 7 a 13 dias de indemnização por despedimento, quando na UE a 27 a média é de 23,3 dias por cada ano de trabalho) e mais fácil, dado que na Europa é assim, mas ninguém questiona a diferença de vencimentos entre a UE e o nosso país, governa-se com medidas avulso e todas, uma pior que a anterior, a última a ser anunciada para estudo é o plafonamento da segurança social, medida que a ser implementada retira o carácter solidário da Seg. Social e ainda a vai descapitalizando desviando importantes fundos para o sector privado dos seguros.
O frenesim com que se escrevem e anunciam as medidas torna quase caricato o desencontro entre os diversos ministros, sendo a mesma medida corrigida por vezes 2 e 3 vezes na mesma semana.
Não há aqui uma questão de direita ou de esquerda, aqui também não se fazem juízos de valor, mas questiona-se, deve-se governar para o Povo no seu todo, ricos e pobres ou governar atendendo à indicação de um qualquer directório europeu, como se fossemos uma simples colónia?
Dá pena e dó, que a coberto do acordo de resgate com entidades internacionais (vulgo TROIKA), se ultrapasse esse mesmo acordo, com o fim de finalmente, se fazer as contas com o 25 de Abril de 74.
Que tristeza que alguns sentirão para a revanche que presenciam, a miséria a ser instituída à força ao povo, quando alguns lutaram para devolver a Dignidade a este povo.
Era bom que alguém de bom senso da área do poder, estou-me a lembrar de um Bagão Félix, Adriano Moreira ou outros, fizessem chegar aos jovens que estão a mandar, uma vez que eles não ligam a mais ninguém, que reconsiderem, que pensem pois este povo pode não aguentar muito mais.

6 comentários:

jorge saldanha disse...

POis é! A politica é complicada. Complicada porque nós deixamos que seja. Que mal fizémos nós, trabalhadores, para merecermos este castigo? Será que todos os "buracos" que existem neste País fomos nós que os criamos? Só temos culpa numa coisa! Votamos em quem nos governa. Mal? Governam mal? Pois...sentimos isso na pele. Temos alguém para governar melhor? Não gostando de Otelo, quase concordo com ele. Eça disse "Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo" e como sempre Eça...tinha razão, não só naquela altura.
Abraço Chico.

Anónimo disse...

Tem piada que hoje de manhã ouvi na rádio, quando ía para o trabalho, alguém dizer que se estaria a ajustar contas com o 25 de Abril. Eu acrescento que cheira não só a ajuste de contas como também de provocação ao próprio 25 de Abril. E ele aqui tão perto...e tão desrespeitado...

Anónimo disse...

Há poucas semanas ouvi Adriano Moreira, durante uma conferência sobre o papel das Ordens Profissionais, a alertar precisamente para a situação de estarmos a viver num "regime de protectorado de facto, não declarado, o que torna tudo ainda mais difícil". Durante a sessão, deu uma lição magistral não só de História como também de Relações Internacionais a todos os presentes, independentemente das suas ideias políticas.

Na minha opinião, o que se passa hoje não será um ajuste de contas com o 25 de Abril. Esta crise está a viver-se noutros países, com repercussões semelhantes. O que me quer parecer é que quem manda está completamente desorientado, mal informado e mal preparado. E isso não costuma agourar nada de bom...

Beijinhos,
Andreia

Álvaro Marques disse...

Pois meu amigo eu até vou mais longe e digo-te que o feriado (25/4) só não acaba porque eles têm um buraco ao fundo das "costinhas" ...
Enquanto formos (des)governados por teóricos, quer sejam professores, economistas, eng.s que não tenham experiência PROFISSIONAL, vamos andar sempre nisto.
O nosso país tem muita pessoa honesta e competente mas não entram nesta sistema de corru...s.
Enquanto não houver responsabilização dos que forem eleitos serão sempre promessas e mentiras a cada dia que passa.
Tal como o Zeca cantava "ELES COMEM TUDO E NÃO DEIXAM NADA".
Passei o 25 abril em Angola regressei com esperança e ao fim destes anos estamos na me...a.
Enfim quisemos este rumo democrático (??)agora pagamos os juros bem altos...
Um abraço e 25 de Abril sempre...

Anónimo disse...

Adriano Moreira e Bagão Félix??? esses senhores não!

Ramiro Viegas disse...

Mesmo ouvindo o prof.Adriano Moreira,será que Passos Coelho sabe de história?A austeridade,que fustiga os portugueses, com o aumento de impostos e redução de salários,é perfeitamente evitável.Desde que o governo opte por outro tipo de medidas,que penalize menos os cidadãos e as empresas, retire os privilégios aos mais poderosos e altere de fato a estrutura da despesa do Estado.Em primeiro lugar,devem ser renegociadsa todas as parcerias público-privadas(PPP) que chegam a ter rentabilidades garantidas(pagas pelos portugueses) superiores a 14%, o Estado tinha um ganho anual de cerca de TRÊS MILHÕES DE EUROS.A segunda medida consiste,na imediata reestruturação da dívida pública, bastando substituir os contratos de crédito ruinosos e, assim, poupar cerca de DOIS MILHÕES DE EUROS.Não é admissível que o Estado continue a pagar anualmente juros NOVE MILHÕES EUROS, mais do que gasta com o Serviço Nacional de Saúde-SNS.Impõe-se ainda reduzir os alugueres e rendas imobiliárias que o Estado paga neste momento.São centenas de milhões de euros a mais cada ano!numa fase em que o mercado imobiliário está em baixa e as rendas dos privados vêm diminuindo progressivamente, porque não baixa a despesa do Estado nesta rubrica?Ainda por cima, quando muitos contratos foram inflacionados para favorecer proprietários amigos!Outra área onde se poderá também obter um ganho de mil milhões é na Formação Profissional pois, grande parte da formação financiada,limita-se a manter os formandos ocupados,enquanto a maioria dos recursos é desviada para enriquecimento de alguns empresários mais habilidosos.Se o governo tiver coragem para implementar este tipo de medidas,poupa anualmente até sete milhões,sem penalizar os cidadãos.e,muda definitivamente a estrutura da despesa do Estado, retirando privilégios aos poderosos.Só quando os governos tiverem a coragem de ousar este caminho,Portugal progrediu.Foi assim com D:JoãoII que,pensou os Descobrimentos ou,o Marquês de Pombal,instituidor do Vinho do Porto que,limitaram regalias às grandes famílias do seu tempo, como os Duques de Bragança e Viseu ou os Távaros.Se não souber ler a história,Passos Coelho,será apenas mais um mau governante, dos muitos que os portugueses já tiveram de suportar nestes CEM ANOS DE REPÚBLICA.No INE,existe muita informação desta natureza para quem pretender realizara um estudo mais técnico e completo.Aos portugueses cabe sair desta SONOLÊNCIA, IDIOTICE em que vive agarrado as bandeiras dos partidos que,de uma forma inteligente souberam acabar com uma estrutura militar que lhes faria frente em caso de falência da ditadura dos partidos. è pois, chegada a hora dos portugueses deixarem de ser SURDOS,MUDOS,CEGOS e,começarem a agir segundo o seu pensamento e não sobre aquilo que nos é injetado pelas mais diversas formas comunicação social incluida.