20/06/2013

Aposentados, pensionistas e reformados–A nossa história não acaba assim…

Texto de uma carta enviada pela APRe! ao Expresso e que não foi publicada (recebida por mail)

Os aposentados, pensionistas e reformados têm uma história, da qual se
devem orgulhar. (.......)


Com efeito, os actuais pensionistas portugueses nasceram antes, durante ou
pouco depois da 2ª Guerra Mundial, numa sociedade essencialmente agrícola,
com um elevadíssimo índice de analfabetismo. Mais tarde enfrentaram uma
guerra colonial, em 4 frentes:  Angola, Moçambique, Guiné e Timor. Quis o
destino que a nossa vida fosse consumida a implantar a democracia, a
realizar a descolonização, a construir a sociedade industrial e depois a
sociedade de serviços; a transformar o analfabetismo em conhecimento e
ciência, substituindo os quartéis militares por universidades e
politécnicos, dispersos pelo país. O prémio de todo o nosso esforço parecia
estar na adesão à então CEE, actual União Europeia, com uma tal energia e
entusiasmo que integrámos o pelotão da frente da moeda única, o euro.


Quando hoje se diz que a actual geração jovem do país é a melhor preparada
de sempre, está-se a dizer que nunca antes os pais preparam a sociedade e
investiram tanto nos filhos, para lhes dar um futuro que os próprios pais
não tiveram.


Quando os jovens se queixam de pagar impostos e a segurança social para
pagarem as pensões dos actuais pensionistas, esquecem-se que os pais podiam
não ter investido neles e egoisticamente terem poupando para a sua reforma.


Quando hoje uns senhores de ideologia liberal dizem que o Estado não produz
riqueza para pagar as reformas, estão a dizer que não querem pagar impostos
para gente que não produz, constituindo uma espécie de resíduo social,
esquecendo-se dos benefícios que usufruem, em consequência das
transformações sociais que levamos a efeito.


Quando hoje se diz que para atingir as metas orçamentais impostas pela
TROIKA, sob caução do Governo, tem de se cortar na despesa social,
esquecem-se que a despesa social e os vínculos legalmente constituídos já
existiam quando tomaram a decisão de atingir tais metas. Governantes sérios
e honestos não podem decidir e assumir compromissos com terceiros que não
possam cumprir. Os governantes não são proprietários do poder, desses
tratámos nós, os governos governam em nome do povo. (.......)


É lamentável a máquina que está montada na comunicação social contra os
reformados, pobres ou da classe média. Jornalistas, analistas e
comentadores apelando a cortes sobre cortes, achincalhando a Constituição
(que também já existia antes de assumirem compromissos irrealistas),
implorando à sua violação, esquecem-se que estão a «cavar a sua própria
sepultura». Um Estado, integrado na União Europeia, é obrigado a agir de
boa fé, como uma pessoa de bem. Um Estado que agora viola princípios e
desrespeita direitos, passa a violar sempre e a desrespeitar sempre que
isso lhe convém.


Nós não admitiremos que governantes inexperientes, idealistas e
manipuladores políticos desrespeitem os nossos direitos, conquistados ao
longo duma vida de trabalho e de transformação social. Seremos coerentes
com a nossa história, seria triste, muito triste, se ela acabasse assim.


Maria do Rosário Gama, Presidente da Direcção da Apre!
Carlos Frade, Presidente do Conselho Fiscal da Apre!

 

APRe! – Associação de Aposentados Pensionistas e Reformados

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Oxalá alguém lhes dê atenção.
Um abraço

Álvaro Marques disse...

Obrigado Xico pela divulgação deste comunicado tão importante para os reformados que teem sido os bombos desta festança de alguns políticos irresponsáveis.
Não foi para isto que descontei durante uma vida de trabalho, enquanto esta "rapazeada" irresponsável nos mete nas "unhas da troika", e o maior responsável de toda esta situação assiste impávido e serenamente (como é seu cunho) a toda esta "palhaçada" (sem ofensa para os profissionais).
Um abraço