Quando era miúdo, para aí com uns 10 ou 11 anos, estávamos na Igreja da Ajuda, não era uma missa, devia ser uma preparação para as comunhões e profissão de fé, então devia estar a Igreja quase meia de crianças, o barulho era muito, o Padre Bastos queria que a sua voz se ouvisse e nada, então ele com o seu vozeirão, lançou para aquele barulho (todos falavam e riam), quem estiver a falar que se levante, esperou-se uma infinidade de tempo, até que eu via que ninguém se levantava, mas eu tinha falado e rido, levantei-me e esperei o pior, vou ser castigado, mas não, o Padre Bastos virou-se para mim e disse, então no meio de tanto barulho só tu é que falaste? Só tu é que assumiste o erro, pois fica a saber que fizeste uma boa acção e que te fica bem (as palavras não serão propriamente estas mas não me lembro bem) sei que fiquei todo inchado.
Inocências de criança.
Toda a vida ensinei os meus filhos a serem verdadeiros, a não mentir, serem honestos, verticais, dignos, hoje passados estes anos, não sei se eles ao verem o que se passa estarão muito contentes comigo, pois é tudo ao contrário, a mentira vence a verdade, a corrupção vence a honestidade, o mal vence o bem, não sei sequer se quem utiliza a ética como forma de vida, não estará em inferioridade perante aqueles que não respeitam nada, nem ninguém, perante os obstáculos.
Não sei.
1 comentário:
Como eu te entendo, amigo. O que eu já "perdi" e vou continuar a "perder" por isso mesmo. Foi assim que o saudoso Afonso me ensinou e é isso que eu tento transmitir aos meus. Passando para outro patamar, essa é uma das causas da nossa desgraça. Já lá vamos com quase quarenta anos de mentiras, atrás de mentiras e ainda hoje, é vê-los nas ruas propagandeando como se estivessem a dizer algo de novo. Também é verdade que só acredita, quem quer.
Enviar um comentário