14/11/2015

A "Guerra das Espoletas" - 13/11/1935

A "Guerra das Espoletas" foi há 80 anos!
"A população de Peniche, fez um levantamento popular, pelo direito ao trabalho, contra a fome e a miséria!
No dia 13 de novembro de 1935, faz agora 80 anos, a denominada localmente “Guerra das Espoletas”, levantamento popular, com o seu zénite no dia 13 citado, foi mais um dos episódios de resistência ao fascismo, que o aparelho repressivo do regime tentou abafar e que provavelmente teria caído no esquecimento , não fossem os testemunhos de alguns locais como Carlos Leiria, José António Paiva (“Zé Filipe”) e Luís Correia Peixoto (já falecidos), José Rosa ou João Manuel Neves.

Nesses tempos idos a sardinha era apanhada com farelo para a trazer à tona de água, e explosivos que a matavam ou atordoavam. Por causa deste processo ocorreram ferimentos graves e às vezes mesmo mortes. Na sequência da morte de um pescador, as autoridades decidiram (só depois da morte de mais um) proibir esta forma de apanhar peixe, sem nunca apresentarem alternativa. Segundo os relatos da época por força de um feroz dispositivo militar foram presos e condenados os mestres (cerca de 60), os armadores sujeitos a multas pesadíssimas e os barcos apreendidos.. A prisão dos mestres e a proibição da pesca durante um ano, representavam a fome e a miséria para mais de 3000 pessoas e respectivas famílias, que ficariam sem sustento. Os mestres eram na altura como são hoje pessoas da confiança dos pescadores. 
Quando na Vila de Peniche se soube da notícia, os sinos começaram a tocar a rebate, chamando a população à rua. A decisão de transferir os mestres para Caldas da Rainha, foi o motivo, para que a maioria da população invadisse os carros destinados ao transporte, na tentativa de impedir a transferência. A massa humana segue para o Portão de Peniche de Cima, e pegando como se fosse papel numa traineira ainda incompleta e outros materiais, barra a estrada, cortando o trânsito. Na zona da Prageira foi derrubado o poste telefónico e cortados os fios. A comunicação de pedido de reforços passa por um triz. A GNR ainda tenta restabelecer as comunicações, mas face à resistência popular esta força militar dispara, é morto o pescador Francisco Sousa e outros dois são feridos, sendo posteriormente reforçada pela GNR de Caldas da Rainha. A vila de Peniche após estes acontecimentos foi invadida por forças militares e outras forças da repressão (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE), sendo decretado o “estado de sítio”.
Nos dias posteriores realizaram-se dezenas de prisões, sendo que o regime foi obrigado, pela força dos acontecimentos, a libertar os mestres e outros detidos (aministiados). Foi também com esta jornada de resistência que se conseguiu que uma reivindicação antiga fosse realizada: a construção de um dos molhes de proteção.
O dia 13 de Novembro ficou marcado, como em muitas zonas do país, durante os 48 anos de Fascismo, pela luta pelo Direito ao Trabalho e por melhores condições laborais."


Texto da U.R.A.P..

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