07/12/2023

À Conversa com ... Ana maria Ribeiro

 


Hoje vamos conversar com a Ana Maria Ribeiro (A.M.R.) que conheço desde os tempos da Escola Industrial de Peniche, onde fez o seu percurso também como funcionária administrativa na Secretaria da mesma Escola, no entanto o que me leva a “conversar” com a Ana é a sua veia poética que sigo com interesse na sua página do Facebook, a qual devido à sua qualidade de escrita resolvi propor-lhe que contasse a sua motivação e objectivos.

 Meu nome, Ana Maria do Carmo Camacho Ribeiro, sou natural da Cidade de Peniche, onde resido. Estudei na Escola Secundária em Peniche, tendo como habilitação Académica o 12ºano. Foi também nesta Escola que realizei a minha carreira Profissional, na Secretaria como Funcionária Administrativa. Gosto de ler e escrever, escrita que venho desenvolvendo na área da Poesia com maior profundidade desde 1996, até à presente data.

               P. - Neste momento da tua vida sei que fazes voluntariado, tens enorme sensibilidade social, para abrir gostava que dissesses mais sobre esta tua actividade e outras que aches relevante.

A.M.R. – Sim, estou ligada à Catequese da Paróquia, onde tenho trabalhado em regime de voluntariado, desde 2010. O meu trabalho consiste no lado mais prático da Catequese, supervisionar matrículas online, inserção de dados, organização de outros aspetos como as Festas durante o Ano Pastoral e inserção desse registo no computador. Faço também a parte manual da escritura dos Livros de Registo. A par deste trabalho tenho sido também Catequista tendo a responsabilidade de um grupo em cada Ano Pastoral.

 P.Por certo gostas de ler, para além da poesia que penso ser a tua prioritária, qual o género de leitura de que mais gostas e se és uma leitora assídua.

A.M.R.Ao longo da minha vida sempre me lembro de ler. No tempo de Escola os Livros obrigatórios, a par dos que me davam gosto ler e que lia até à exaustão. Assim passaram por mim Eça de Queiroz, Florbela Espanca, António Gedeão, Fernando Pessoa, Júlio Diniz, e tantos mais. Li também Simone Beauvoir, Pearl Buck, Leão Tolstoi, Sinclair Lewis, John Stemberg, Charlotte Bronte, Stefan Zweig, Jane Austen e tantos mais. Penso que a leitura para além de conhecimento me facilitou a escrita. Iniciei o meu gosto pela Poesia quando no verão de 1973, me veio parar às mãos os sonetos de Florbela Espanca. Foi o início de uma longa viagem que faço até hoje.

 P.Iniciando propriamente aquilo que nos trás aqui, gostava que referisses quando começaste a escrever poesia e porquê?

 A.M.R. Houve na verdade uma grande empatia com a escrita poética de Florbela que me levou a um nível que eu desconhecia ter. Gostei sempre de ler que iniciei muito cedo, com pequenos poemas, sonetos, que creio todos os adolescentes e jovens tentam escrever. Comecei a escrever, sem saber que o sabia fazer, em 1996 quando na minha Escola abriu um concurso interno, dirigido a toda a Comunidade Escolar, o “POETA DA SEMANA”. Havia um vencedor semanal durante todo o ano lectivo e eu ganhei no meu escalão durante 10 anos. Esse facto levou-me a compreender que sabia escrever Poesia.

 P.Quando escreves um poema, onde te inspiras, em que te baseias, quais os motivos mais fortes “que mexem mais contigo” e que te fazem passar a papel os teus pensamentos?

 A.M.R. Eu considero que a “Inspiração”, não é algo técnico, palpável, que possamos agarrar, mas sim algo abstracto, de certa forma irreal, que surge do nada, ou de uma palavra que se ouviu, de uma frase que se leu, de um acontecimento, de uma flor que se encontra no caminho, de uma pedra esquecida no chão que não fala e de repente chama a atenção. Eu diria que em poesia, tudo é permitido. Eu diria que também me inspiro nos grandes acontecimentos que não podem passar ao lado – A Revolução de Abril que nos levou à Liberdade, os dias Mundiais…de tanta coisa, cada uma com a sua importância. Tudo é importante passar numa folha branca que apenas espera ser escrita.

 P.Tenho reparado que nos excelentes poemas que nos apresentas, tens uma visão transversal de inspiração, ou seja, vais dos temas com alguma religiosidade a temas sociais, a temas onde o amor é preponderante, mas sempre com uma qualidade que considero muito boa, apesar de não ser (nem pretender) ser crítico literário. Queres desenvolver?

A.M.R.Todas as coisas têm o seu lado poético, assim, tudo pertence à poesia. O tema “livre” dá aso a explanar os sentimentos, as ideias e melhor os desenvolver. - Gosto de escrever sobre o mar, não poderia deixar de o fazer numa terra de mar. Costuma dizer-se que “NUMA TERRA DE MAR O MAR NOS CHAMA”. Este é um tema que nos transcende, nos leva até ao infinito. - Gosto de escrever sobre as coisas simples do dia a dia, a manhã que se abre em risos de alegria, a noite que chora nos braços do mar, a lua que deixa o seu beijo na praia. - Gosto de escrever sobre o Fado, a sua tristeza, a sua história, onde não faltam os amores desencontrados ao toque de uma guitarra. - Gosto de escrever também sobre os valores religiosos que me foram transmitidos pelos meus pais e que a Catequese me ajudou a compreender melhor, essa parte tão sublime de ter Deus ali mesmo em todo o lado em toda a Sua Obra e ao mesmo tempo no coração. - Escrever sobre a Festa tão bonita de Nossa Senhora da Boa Viagem, sobre o Santuário dos Remédios, a Festa dos Círios onde humildemente se depõe as mágoas e a alegria num agradecimento a Nossa Senhora, e até sobre o Cruzeiro imponente junto ao mar, a Nau dos Corvos rodeada de espuma, vestida de branco e azul.

P.Há uma pergunta que tem de ser colocada, escreves com algum objectivo, ou porque sim? Dito de outra forma, não tendo ainda nenhum livro publicado, gostarias de publicar um livro de poemas? E se (por acaso) não conseguisses publicar, continuarias a escrever, independentemente de quem lê, mas que essa escrita fosse uma forma de auto satisfação?

A.M.R.Nunca escrevi tendo como objectivo a finalidade de ser intelectual, conhecida, admirada. Não sei como escrevem tantas pessoas que conheço, mas eu escrevo porque há uma palavra que surgiu do nada e pede para ser escrita. - Escrevo – porque alguém deu uma gargalhada e pede para ficar na história dos dias. - Escrevo – porque para mim, escrever é como rezar. - Escrevo – porque é como encontrar na vida a perfeição. - Escrevo – porque a chuva caíu e dança pelo chão. - Escrevo – porque há uma folha em branco, imaculada que pede para ser escrita. -Escrevo…escrevo…escrevo… Publicar um livro nunca foi para mim uma prioridade, mesmo que não publique um livro eu irei sempre escrever, porque todos os dias é uma aventura, um dia novo que nos traz a sua luz em poesia. Mas sim, um dia publicarei o meu livro de poesia. “Auto – Satisfação” Penso que não. A escrita para mim, está ali mesmo, ao virar da esquina, no caminho por onde vou, nas vozes e nos risos que passam por mim e que não posso ignorar. A poesia para mim é isso mesmo, está ali mesmo, é só ir busca-la.

P. - Se te pedisse agora para fazeres um pequeno verso ou poema a tua veia poética produziria algo assim, de um momento para outro?

 A.M.R.Em 2011 quando abri conta no Facebook comecei por escrever versos e os meus poemas nas partilhas que via de outras pessoas. A pouco e pouco fui escrevendo “na hora”, as frases e versos que escrevo nas partilhas.

Apenas olho a imagem e escrevo o adequado à imagem.

 Aprendi a ter uma certa facilidade em encontrar as palavras a escrever.

Como pedes, escrevi este pequeno apontamento:

Nunca pensei Aceder a uma entrevista

Só porque escrevo poesia.

 Escrever,

 É para mim tão natural,

 Como é natural A luz do dia.

 P.Vamos terminar esta pequena conversa, acerca da tua “veia poética” que me tem sensibilizado há muito, quero agradecer a tua disponibilidade mas quero referir os meus sinceros desejos de que finalmente um dia, não muito longínquo, venhas a concretizar esse desejo legítimo de teres um Livro publicado. Também referir que nestas conversas, fica sempre algo por perguntar, gostava por isso que se quisesses acrescentar algo que seja relevante para ti o fizesses e explanasses o que achares por bem. Despeço-me com um até breve Ana.

Só quero agradecer a tua disponibilidade.

Talvez tivesse ficado muito por dizer, mas é a primeira vez que falo sobre este assunto.

 Um dia, sim, publicarei o meu Livro. Obrigada Francisco


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