Os impactes das alterações climáticas, nos próximos 75 anos, poderão colocar em caos milhares de aglomerados populacionais, com as suas habitações, comércio e serviços. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
24/05/2024 06:006 min
Um estudo recentemente divulgado,
desenvolvido pela Organização Não-Governamental (ONG) Climate Central indica que milhares de quilómetros quadrados de linha de costa vão ficar
submersos, se não se verificarem alterações nos padrões de emissões de Gases com
Efeito de Estufa (GEE). Até ao ano de 2100, cerca de 50 grandes cidades de todo
o mundo poderão ser afetadas por esta situação.
No caso de Peniche,
(...) até no cenário menos pessimista, aquela cidade voltará a ser uma ilha.
A NASA indicou que, na última década, os níveis da água dos oceanos subiram cerca de 9 cm, o que dá uma média de
0,3 cm/ano. À medida que a temperatura média do planeta está a subir, a concentração
cada vez mais significativa de população nas regiões litorais, relativamente
próximas da linha de costa, poderá tornar-se um perigo a curto e médio prazo.
Cinco coisas para entender sobre o conceito de um “Ártico sem gelo”, de
acordo com a NOAA
Impactes da subida do nível do mar, a
nível mundial
O relatório da Climate
Central é claro a afirmar que perto de 10% da população mundial vai
ser afetada por este fenómeno, qualquer coisa como mais de 800 milhões de
pessoas, que devido à poluição atmosférica, ao derretimento dos glaciares, tanto
no Hemisfério Norte como no Hemisfério Sul, vão ficar vulneráveis e terão de
procurar nova morada e reorganizar todo o seu estilo de vida.
As nações insulares do Pacífico,
nomeadamente as que pertencem à Oceânia e ao continente asiático podem mesmo
desaparecer. Este último será o mais afetado, pois países densamente povoados
como China, Índia, Indonésia e Vietname vão ficar com
grandes porções do seu território abaixo do nível do mar.
Quais as regiões que em Portugal serão
as mais afetadas?
Tal como no resto do mundo, os impactes
no nosso país serão significativos. As áreas lagunares, como o Haff-delta de Aveiro (Ria de Aveiro) ou o Lido de Faro (Ria Formosa) serão dos locais
mais afetados, com cidades como Aveiro, Faro e Olhão a perderem parte da sua mancha
urbana.
O Haff-delta de Aveiro é uma laguna interior,
onde a existência de um cordão de areia (haff), formado pela deposição de sedimentos
marinhos e fluviais, dificulta o contacto com o mar. O interior da laguna está
preenchido com sedimentos fluviais dos rios que aí desaguam, com destaque para
o rio Vouga. A acumulação desses sedimentos deu origem a um conjunto de
pequenas ilhas, separadas por canais poucos profundos que constituem um delta
interior.
Para além destas áreas, outros acidentes do litoral serão
severamente afetados, como é o caso do tômbolo de Peniche e da baía de São
Martinho do Porto. No mapa de risco desenvolvido pelos autores do estudo, são analisados
cenários extremos de aquecimento global entre 1 ºC e 4 ºC acima da temperatura
atual. No caso de Peniche, a situação é mesmo
preocupante, já que até no cenário menos pessimista, aquela cidade voltará a
ser uma ilha.
Os impactes nos concelho do arco ribeirinho do Tejo serão implacáveis
No pior dos cenários, uma subida de 4
ºC, o oceano pode chegar quase à Atouguia
da Baleia, que dista cerca de 6 km de Peniche. Já no caso da baía
de São Martinho do Porto, que se formou a partir de um antigo golfo, poderá
voltar a uma paisagem conhecida, mas nunca vista. A água do mar poderá voltar a
banhar Alfeizerão, mais que triplicando a atual área da baía.
As maiores cidades, Lisboa e Porto,
também vão sofrer com a subida do nível dos oceanos, contudo é na bacia do Tejo
que as consequências serão mais sentidas, nomeadamente nas cidades de Benavente,
Carregado, Almeirim e Santarém. Na margem sul, a Costa da Caparica como a
conhecemos hoje, desaparecerá, mesmo na melhor das perspetivas.
Reveste-se assim, de extrema
importância, um pensamento crítico em relação ao futuro e à forma como se pode
mitigar os efeitos de cenários que implicam destruição a esta escala.
Referências da notícia:
Climate Central. “Picturing our future”.
2024.
Créditos: Https://www.tempo.pt
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