22/05/2025

As eleições de 18 de Maio


Declaro desde já que, como democrata, aceito o resultado destas eleições, pois no fundo são a confirmação das anteriores de 2024. Só quem não sabe interpretar os sinais ficará admirado com isto.

Passados 51 anos do derrube da ditadura de Salazar e Caetano, que durou 42 anos, verificamos que este Estado e os seus apaniguados suplantaram, finalmente, aquilo que um punhado de militares despojados de desejos de poder, depois de derrubar a ditadura, entregou ao povo.

Muitos destes homens já partiram, muitos civis revolucionários que tombaram ou estiveram anos nos calabouços. Dos que partiram não saberemos, mas calculamos o que pensariam disto. Dos que estão vivos, o que dirão?

Mas isto não é surpresa. Quando, há um ano, os resultados foram o que foram, houve quem pensasse que seria passageiro. No entanto, eis-nos numa situação ainda mais grave.

1 – Os resultados são o que são e temos de aceitá-los.

2 – Não vale a pena ser-se condescendente nem paternalista como tenho lido e ouvido, e que “coitados votaram, mas não sabiam em quê”. Não, desculpem, as pessoas que votaram sabiam o que estavam a fazer.

3 – Os partidos ditos “tradicionais” têm de analisar profundamente estes resultados eleitorais, nomeadamente, aqueles que tiveram pesadas derrotas. Se analisarem sociologicamente as votações, verão que os eleitores que votaram desta maneira são dos mais carenciados, vivendo muitos deles de subsídios, pensões e ordenados mínimos.

4 – Se houver novas eleições intercalares por queda deste Governo, os resultados ainda vão assustar mais (presumo).

5 – Portanto, cada partido com assento parlamentar deve analisar muito bem o que vai fazer daqui para a frente, nomeadamente no que diz respeito à repetição de fórmulas já gastas e que não se adequam a estes tempos novos. Trata-se de um fenómeno que varre grande parte da Europa e outras partes do mundo, como as Américas.

6 – Por último, e como corolário das consequências da votação de 18 de Maio, neste momento já a AD+Chega+IL podem fazer a revisão da Constituição da Republica à sua maneira, ou seja, sem sequer o PS evitar que seja adulterada e extirpada do que “não interessa”.

Posto isto, resta-nos aceitar os resultados das eleições, exercer a nossa cidadania sempre, contribuir para a informação e para o diálogo franco e estabelecer pontes, zelar para que os valores da Liberdade e da Democracia sejam mantidos, e conseguir compreender como se chegou à situação actual.

21/05/2025

FGV


P.S. – Sou como não podia deixar de ser respeitador da Lei da Greve, um direito Constitucional, mas pergunto, a quem serviram as greves nomeadamente da CP que afectaram dezenas de milhar de pessoas que se levantam de madrugada para ir trabalhar, precisamente na véspera das eleições. Fica para reflexão.


 

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