09/12/2025

"Um Heroi" - Filme


 “Um Heroi”, filme de 2021 do iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Grande Prémio do Festival de Cannes, tem como principal protagonista,  Amir Jadidi, no papel de Rahim. O filme resume um pouco da sociedade iraniana e não só, porque expõe o que as redes sociais podem fazer transformando heróis em vilões e vice-versa, é também um filme sobre a ética, a moralidade, a solidariedade ou falta dela, a burocracia. Rahim está na prisão por uma dívida e numa das suas folgas de fim de semana, a sua namorada entretanto tinha achado uma mala perto de uma paragem de autocarro, com moedas de ouro, eles tentam primeiro trocar o ouro por dinheiro para atenuar a dívida e assim poder ser libertado e pagar o restante com um emprego, mas desconfiaram do valor que o ourives avaliou o ouro, então num assomo de cidadania, resolveu colocar um anuncio em vários locais com o numero de telefone da irmã e daria a quem provasse pertencer a dita mala, assim foi, a senhora veio (ficamos sempre com uma duvida) levou a mala verificou as moedas, não deixou nenhum contacto, e chegando essa acção ao Director da prisão, foi louvado, chamada a televisão, uma Associação Humanitária, fez um peditório para ele, que não chegou para contentar o credor, prometem-lhe emprego na Câmara Municipal (que triste papel do burocrata, que faz tudo para impedir o seu emprego na entrevista, o que consegue), até que começam a surgir nas redes sociais teorias de que tudo foi inventado, ele não era nada assim, houve denuncias até vindas de reclusos contra ele para a Associação angariadora de fundos, eventualmente da ex-mulher ou do credor, e rapidamente passou de herói a vilão, até que a Associação resolveu doar o dinheiro junto, para uma mulher com o seu filho cujo marido iria ser condenado à morte por homicídio, logo aqui o Director da prisão tentou usar esse facto para salvar a situação pois estes também estavam comprometidos, para isso queriam uma entrevista do filho de Rahim, criança que era gaga, e com muitas dificuldades de expressão para a televisão realçar o feito. Rahim recusou que aproveitassem a gaguês do seu filho, resultado foi novamente parar à prisão.

De tudo isto pode dizer-se que ele não foi de facto verdadeiro naquilo que disse, mas não podia comprovar a quem dera as moedas, um sistema prisional e de justiça rápido e sem contemplações (um homem que contrai um empréstimo e cuja empresa vai à falência, é imediatamente preso por queixa do credor), Rahim era um bom homem, sério, com um grande amor pelo filho que impediu ser exposto na televisão, uma sociedade um pouco doente e nada solidária, ou então solidária mas sem defesas às novas técnicas de divulgação da comunicação, as últimas palavras que retemos do filme antes de entrar novamente na prisão e despedir-se da namorada e do filho são “não quero dinheiro, quero a minha honra”.


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