Escrever sobre um partido com 100 anos de história, torna-se uma tarefa fácil e difícil. Se conseguirmos recuar no tempo veremos que este Partido teve ao longo do tempo, antes e durante a ditadura de Salazar e Caetano uma acção preponderante de luta e sacrifício dos seus militantes que se viam afastados das suas famílias, eram presos, torturados e alguns assassinados pela Polícia Política do Estado Novo, essas prisões eram fruto de acções junto dos trabalhadores agrícolas, operários ou pescadores, foi uma vida de luta e sacrifício que teve o seu apogeu, quando um grupo de militares através de uma grande acção armada fez o 25 de Abril de 1974, a revolução dos cravos, restituindo ao povo o direito a escolher o seu destino.
A partir desta data o Partido Comunista tornou-se um Partido institucional, abandonando a clandestinidade e contribuindo umas vezes bem outras nem tanto (na minha perspectiva) para a consolidação do regime democrático, agora (1975) já com uma Constituição da República aprovada pela Assembleia Constituinte. A parte difícil é escrever sobre o período até 25 de Novembro, em que esteve eminente a deflagração de uma guerra civil, que não foi por diante graças à intervenção do general Costa Gomes e in extremis por acção de Álvaro Cunhal.
Este partido passou a ser, além de um dos pais da Democracia, um partido fundamental ao sistema democrático. Para terminar esta meia dúzia de linhas devo dizer que não concordo com algumas atitudes do Partido Comunista, mas também reconheço que o Partido não é uma abstracção, ele é o que os seus militantes são ou fazem, por vezes concordamos outras nem tanto.
Só para escrever os últimos anos, a seguir aos anos de chumbo (2011-2014), quando da frase de Jerónimo de Sousa “O PS só não governa se não quiser” frase que foi fatal para os planos de quem se preparava para tomar posse, aí sim, vi um Partido com pensamento nos mais fracos, mesmo que perca 1000 ou 10000 militantes porque acham que este deve ser sempre da oposição fazendo sempre parte do problema e nunca da solução, aí vi um partido que viu que os reformados e mais necessitados iam ser dizimados, espero sinceramente que continue com esta linha de acção pois nunca como agora foi tão evidente as intenções de alguns sectores.
Para terminar, imagine-se esta pandemia que nos caiu em cima com outro tipo de governo, deixo à consideração.
Parabéns ao Partido Comunista Português e que continue mais 100 anos a fazer o seu trabalho.
FGV
06/03/2021
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