20/08/2025

Os incêndios e eu

 

As notícias dos incêndios de Verão, cada vez mais ferozes e destruidores, são por si só uma notícia muito triste para qualquer pessoa (excepto os que pegam fogo).

No entanto estes incêndios particularmente atingiram todos os pontos que eu e a minha família prezávamos e enriqueciam a nossa memória, com efeito com os filhos pequenos e já grandinhos, íamos todos os anos acampar na nossa semana de férias para a Ponte das Três Entradas, zona linda, com a confluência de dois rios, o Alvoco e onde seguia só o Rio Alva até ao Mondego, a verdura era extraordinária, tudo era um encanto, corríamos tudo à volta, Piodão, Aldeia das Dez, Oliveira do Hospital, Avô, Alvoco das Varzeas, Fraga da Pena, etc,  era um regalo para a vista, eles adoravam, éramos felizes ali.

Foi com enorme tristeza que vi no mapa dos incêndios precisamente essas áreas as mais afetadas, deixando um rasto de destruição e cinzas.

Para mim que sempre fui um amigo da natureza, senti profundamente estes incêndios, não tendo lá bens materiais, tenho as memórias do que lá passámos, os momentos bons.

Mostro uma gravura que fiz a lápis de cor quando lá estivemos, com dois dos meus filhos a andarem de barco.

Possivelmente nunca mais lá vou, e talvez seja melhor para não ver a tristeza do que era belo.

Filme "A Noite"

 Ontem foi a vez de ver o filme “A Noite”, de M. Antonioni, com Marcello Mastroianni e Jeanne Mureau nos principais papeis e ainda Monica Vitti.

Filme clássico Italo/Francês de 1961 a P/B foi galardoado com o Urso de Ouro do Festival de Berlin.

Tudo se passa num dia e numa noite, um casal (ele escritor, intelectual ela pertencente à alta sociedade, devido à riqueza familiar) vão ver um amigo comum que agoniza no hospital e morre nessa noite, depois apercebemo-nos da distancia que separa o casal.

O filme aborda questões como a solidão, a depressão, a incomunicabilidade entre o casal e deste com os outros, critica social ao expor as festas de uma noite inteira da alta sociedade em que a superficialidade e o vazio dos festejos, os encontros as traições ou tentativas de, preenchem o quotidiano daquela gente que vive de festa em festa, de noite em noite, com um vazio avassalador ao seu redor.

Nunca tinha visto este filme, fez-me lembrar “La Dolce Vita” Com Marcello Mastroianni e Anita Ekberg, apesar de este ser para mim muito superior do que A NOITE.

"Momentos" a P/B


 

19/08/2025

Filmes "Quando neva na Anatólia" e "Colibri"

 Retido continuo, e vou tendo tempo para colocar algumas coisas em dia, nomeadamente livros, e filmes. No caso dos filmes destacarei dois dos que tenho visto, “Quando neva na Anatólia” e “Colibri”.

 

"Quando Neva na Anatólia"

 

É um drama turco intenso e comovente dirigido por Ferit Karahan, lançado em 2021. A história passa-se num colégio interno nas montanhas da Anatólia, onde jovens curdos estudam sob um regime extremamente rígido, autoritário e desumano, sob orientação Turca. Não me vou ocupar da história que gira à volta de uma criança que adoece e um amigo tudo faz para que ele seja atendido antes que morra, é daqueles filmes que te dá um murro no estômago com a sua força emocional.

 

“Colibri”

Baseado no livro de Sandro Veronesi, um dos grandes nomes da literatura italiana contemporânea. A história gira em torno de Marco Carrera, um oftalmologista cuja vida é marcada por perdas, amores impossíveis e memórias fragmentadas. A narrativa é não linear, saltando entre décadas e pontos-chave da sua vida.

O filme é magistral, na minha óptica de simples apreciador de cinema, com um enorme naipe de actores e retrata como um homem (Marco Carreras) vive para a família e para os outros, ele que tem uma vida extremamente difícil no aspecto sentimental, mantendo o equilíbrio por vezes impossível num ambiente difícil, a perda de uma filha que o deixa destroçado, fá-lo criar uma neta a quem dedica todo o amor, toda a história é em certa medida dramática, mas acaba de uma forma extraordinária.

12/08/2025

O Ódio

 Israel, segundo as agências internacionais acaba de assassinar 5 Jornalistas em Gaza, assim como um Operador de Camara, todos devidamente identificados, em frente a um Hospital onde estavam, este assassinato selectivo dos mensageiros, aqueles que trazem ao mundo o que se passa em Gaza com o genocídio dos Palestinianos (pode uar-se o termo) apesar do acanhamento das potencias ditas civilizadas e que dão lições ao mundo sobre etica e moral, é um crime vergonhoso, que ficará impune como todos os outros. Tal não é o ódio que esta nação pelo qual todos nutriamos alguma simpatia pelo que os nazis lhes fizeram na "chamada solução final" tratam agora um povo à maior desgraça,  ver morrer crianças à fome propositadamente para o desaparecimento daquele povo. A História realmente dá muita volta.

Momentos a P/B


 

06/08/2025

Há 80 anos a primeira Bomba Atómica

 Faz hoje 6 de Agosto, 80 anos, que foi lançada sobre Hiroshima a primeira bomba atómica por um avião americano e que passados uns segundos, faria desaparecer cerca de 160.000 habitantes, 3 dias depois seria lançada nova bomba sobre Nagasaki que mataria de imediato cerca de 80.000 pessoas, milhares deles ficaram feridos e doentes durante muitos anos, esta é muma efeméride que somos obrigados a recordar, quando o mundo está como está e se fala constantemente em armas nucleares, saberão todos que ninguém conseguirá vencer um conflito nuclear actualmente? Seria o fim da humanidade tal como a conhecemos.

Que os poderosos do mundo reflitam e recuem, no caminho da paz, porque só a paz interessa, não as guerras.

24/07/2025

Vergonha


Crianças com fome, Gaza - Palestina, a besta humana além de obrigar crianças, velhos e novos, mulheres, a estarem nas filas desesperados para receberem um pouco de caldo, ainda dispara e bombardeia, não há palavras para classificar estes actos horrendos, morrer pela fome e pela metralha. A besta humana, nós os humanos, as elites ocidentais tão ciosas dos direito humanos calam e olham para o lado, impossível não ter vergonha acerca destas imagens.

21/07/2025

O que custa ouvir e ver

 Liga-se a televisão à hora do almoço e entra-nos pela casa dentro as notícias tristes  e permanentes do numero de palestinianos mortos com a gamela do caldo na fila de espera, entre os mortos muitas crianças que são a maioria de quem lá vai, num dia 92, no outro 80, no outro 70 e assim por diante, nós que estamos a comer uma refeição somos realmente uns privilegiados. O genocídio, pois esta palavra pode ser usada(?), continua, até quando? Não existir um palestiniano em Gaza?, será? Retraímo-nos nas palavras pois tudo isto que está a acontecer é tão desumano que colocamos em paralelo acontecimentos históricos.